36 horas em Carcassonne

Ao aproximarmo-nos de Carcassonne, flanqueada pelos Pirinéus à nossa direita e pela Montanha Negra à nossa esquerda, vislumbramos pela primeira vez esta maravilhosa região francesa.

 

Não me passou pela cabeça que a nossa aterragem fosse um evento fora do vulgar, até ao momento em que o piloto fez uma viragem de 180 graus, a baixa altitude, em redor das velhas muralhas do Castelo do Visconde, para chegar à pista do aeroporto.

 

A manobra proporcionou-nos uma perspectiva desta vista que só se consegue graças ao privilégio de se ver do ar.

Onde ficar

O nosso plano era passar 36 horas em Carcassonne, como pode ver pelo esforço que fiz em escrever o título deste artigo. Assim, precisávamos de um sítio onde dormir durante duas noites.

 

O Hotel Montmorency fica aninhado na sombra das muralhas do castelo, literalmente a dois minutos a pé do portão principal da Cidade Medieval.

 

Com uma vista digna de figurar num postal, quartos confortáveis e um pequeno-almoço fantástico, podemos dizer que foi uma experiência muito agradável ficar lá.

 

Os funcionários foram muito simpáticos e prestáveis. Contudo, temos de fazer uma menção especial ao Elliot, o cão mais pachorrento do mundo. 

Foto: Neil Arthurs Photography

Pela cidade fora

Se ficar em Carcassonne, vai ver que tudo fica perto. Do hotel à Cidade Medieval (La Cité) e à baixa da cidade (La Bastide), a distância é de cerca de 15 minutos para cada lado.

 

Se quiser aventurar-se pelos arredores, pode alugar um carro pela Ryanair, quando fizer a reserva do voo. É a opção perfeita se quiser conhecer as várias aldeias e vilas da região.

Almoçar no Au Four Saint Louis

Antes de iniciarmos a nossa visita, precisávamos de boa comida para nos fortalecermos antes do nosso passeio a pé pela Cidade Medieval. Demos um salto ao restaurante Au Four Saint Louis, recomendado por um colega.

 

Neste restaurante, ingredientes sazonais são utilizados para preparar pratos robustos e incrívelmente saborosos. O ambiente é acolhedor, os empregados simpáticos e a lista de vinhos é bastante extensa.

 

Durante cerca de uma hora, deliciámo-nos com a nossa comida e vinho, absorvendo o ambiente e o bulício tranquilo. Até conversámos um pouco com os outros clientes. Este restaurante é desse tipo de sítios.

Conhecendo La Cité (Velha Cidade Medieval)

Foto: Neil Arthurs Photography

Pode dar um passeio em redor do perímetro da cidade velha de Carcassonne em cerca de 30 minutos. No entanto, há tanto para ver que a nossa recomendação é que lhe dedique pelo menos 3 horas.

 

Algumas das nossas sugestões incluem as espectaculares vistas dos Pirinéus, a Montanha Negra e Bastide Saint Louis, a baixa da cidade. 

Foto: Neil Arthurs Photography

A Basílica de São Nazário e São Celo fica do lado de dentro das muralhas. Trata-se de um monumento nacional, cuja arquitectura é inspirada na tradição gótica e românica, com vitrais que filtram e refractam a beleza da luz da tarde de uma forma quase etérea.

 

Uma experiência a não perder. Visite o Castelo do Visconde, onde vai encontrar artefactos medievais e onde pode também descobrir a história dos Cátaros da região, mas certifique-se de que chega antes das 16h00, para poder ter pelo menos uma hora para estar à vontade.

Prove a gastronomia da Occitânia no restaurante Adelaïde

França e gastronomia são sinónimos, sendo a região da Occitânia famosa pelo seu guisado, conhecido como cassoulet. Este guisado consiste essencialmente numa receita cozinhada em lume brando, com carne, pele de porco e feijões brancos.

 

Os ingredientes específicos dependem do guisado que escolher. A trindade do cassoulet é formada por Castlenaudary, Carcassonne e Toulouse, já que cada cidade tem a sua versão.

 

Ainda assim, há vários cruzamentos entre as receitas. Fomos ao restaurante Adelaïde para experimentar uma delas, que neste caso foi preparada com pato conservado em vinagre.

 

É tão delicioso como saciante. Fica o aviso: se tiver mais olhos que barriga, se calhar é melhor partilhar a sua dose de guisado.

 

A combinação do jantar a meia-luz, num ambiente tranquilo, regado com bom vinho, fez com que este fosse um final de dia sonolento.

Baixa da cidade - Bastide Saint Louis

De pequeno-almoço tomado, era chegada a altura de ir explorar a baixa, conhecida como La Bastide. Não sendo exactamente moderna, com edifícios que datam dos séculos XVII e XVIII, ainda assim é mais recente do que a Cidade Medieval.

 

Ora, eu gosto de começar o dia sentado, a tomar um bom café. Se for num sítio onde posso observar pessoas, melhor ainda. Assim, a minha primeira paragem foi em Les Halles, um mercado coberto junto à Place Carnot, a praça principal.

 

Ali, vai encontrar todos os ingredientes de que precisa para cozinhar algo fantástico, se ficar num alojamento com cozinha. Ou então, se for como eu e quiser apenas tomar um bom café enquanto observa os habitantes locais no seu dia-a-dia, garanto-lhe que não há melhor sítio para o fazer.

 

Por falar na Place Carnot, pode encontrar lá uma pequena feira às Terças, Quintas e Sábados. Para além do mais, a praça principal está rodeada de bares e restaurantes vibrantes, que pode visitar mais tarde durante o dia, se quiser.

A Place Carnot fica a um passo da Igreja de São Vicente. Personificação da arquitectura gótica de Languedoque na fachada, está luxuosamente decorada com obras de Gamelin, Nicolas Mignard e Pierre Subleyras.

 

A torre oferece uma vista impressionante, portanto é um sítio a não perder.

 

O Museu de Belas-Artes fica a cerca de 10 minutos da igreja, sendo uma visita cultural obrigatória.

 

O museu alberga uma colecção de quadros e peças de cerâmica, que vai do século XVII à actualidade, incluíndo também três exposições temporárias por ano.

 

A entrada é gratuita, estando o museu distribuído por dois pisos. Por isso, há muito para ver, o que é óptimo se de repente começar a chover, como nos aconteceu!

 

Depois deste banho de cultura, chegou a hora do almoço. Demos um salto à Creperie Le Ble Noir. Tudo o que lemos sobre este sítio é verdade.

 

A comida é excelente, o ambiente é simpático e os preços são aceitáveis. É também um local que serve comida vegetariana, por isso há de tudo para todos os gostos.

Fora da cidade

A dez minutos de carro de Carcassonne, fica o lago artificial Cavayére. Para além de poder dar passeios de grande beleza, pode navegar de caiaque no lago, percorrer a floresta de tirolesa ou dar uma volta de bicicleta.

 

Ou então, pode atirar pedras ao lago, que foi o que nós fizemos (cuidado com as crianças e possíveis processos judiciais).

 

Este lago é um sítio excelente para passar um dia ou uma tarde, especialmente se estiver com crianças irrequietas, desde que o tempo esteja de feição.

As melhores dicas

Está tudo fechado às Segundas-feiras, portanto não vá nesse dia. Provavelmente vai conseguir ver tudo o que há para ver em Carcassonne em dois dias. Por isso, é uma boa janela temporal a ter em conta para uma visita mais alargada à região.

 

Se for em Julho, terá a oportunidade de assistir ao Festival de Carcassonne. Trata-se de um festival com vários palcos, que decorre ao longo do mês de Julho, com mais de 120 espectáculos, dos quais 80 são gratuitos. Realiza-se na Cidade Medieval, que proporciona um dos bastidores mais especiais de qualquer festival no mundo.

 

Contudo, independentemente da altura do ano em que resolva fazer esta viagem, garanto-lhe que não vai escapar à magia de Carcassonne.

 

- Brian Finucane