Conhecer Lisboa como se fosses de lá com Nelson Carvalheiro

Como autor do livro “The Portuguese Travel Cookbook“, o alfacinha Nelson Carvalheiro sabe uma ou duas coisas sobre os melhores sítios para comer, beber e desfrutar ao máximo de uma estadia na capital de Portugal. Enquanto fazia pesquisa para o seu livro, Nelson teve a agradável tarefa de viajar de norte a sul do país, provando marisco de fazer crescer água na boca e saborosas receitas tradicionais que não mudaram nada com o passar dos séculos.  Não há ninguém melhor para nos levar numa visita com paragens obrigatórias em alguns dos melhores pequenos restaurantes de Lisboa e atracções que os habitantes locais preferem guardar para si. Continua a ler e descubre quais as principais dicas que ele tem para ti...

Nelson Carvalheiro: nenhum cabrito sofreu durante a criação deste guia...

“O mês de Maio é uma óptima altura para visitar Lisboa , por causa do tempo ameno e porque ainda não há demasiados turistas na cidade. A melhor forma de ver Lisboa é subindo as suas ruas calcetadas, sendo que o final da Primavera/início do Verão é a altura do ano ideal para o fazer, fazendo uma paragem ocasional num café para comer umas sardinhas grelhadas e, se tiveres sorte, ouvir um pouco de fado, a tradicional música melancólica do país. Andar a pé também é a melhor forma de te deslocares por Lisboa, porque é uma cidade cheia de colinas e muitas das suas estreitas ruas calcetadas são inacessíveis a carros e outros veículos. Estas ruelas são onde vais encontrar a alma da cidade. Faz um favor a ti mesmo/a e perde-te no labirinto lisboeta de ruas de pedra.

Onde comer em Lisboa

Os melhores sítios: Merendinha do Arco and Ponto Final

Um bom sítio para desfrutar de um café é na pastelaria São Roque, no Príncipe Real. O interior é espectacular, com azulejos e pilares neoclássicos. Os habitantes locais ainda fazem fila para comprar o excelente pão que ali fazem. No entanto, também podes sentar-te à mesa e tomar um café e um bolo, ambos caseiros. A Merendinha do Arco, no nº 230 da Rua dos Sapateiros é o meu restaurante preferido para almoçar em Lisboa. Peço sempre o peixe-espada grelhado com arroz e feijão. É um sítio pequeno, com uma decoração simples, à excepção daquilo que o dono do restaurante tem coleccionado, ao longo dos 20 ou mais anos de idade do restaurante. O restaurante senta 30 pessoas em 3 mesas comunitárias, sempre cheias de habitantes locais. Por isso, é sempre difícil arranjar espaço para os cotovelos durante a hora de almoço. Pede os pratos do dia, que incluem bacalhau com grão, guisado de vitela e legumes ou lombo de porco preto frito; não te esqueças de pedir também o tradicional vinho verde da casa, para acompanhar a tua refeição. No final da refeição, toda a gente tem direito a um shot de licor de uva envelhecido, por isso prepara-te para te sentires no topo do mundo, depois desta experiência!

 

O Ponto Final , no nº 72 do Cais do Ginjal, em Cacilhas, é um sítio excelente para jantar em Lisboa, porque podes desfrutar de uma refeição à beira-rio, ao mesmo tempo que assistes ao cair do sol sob Lisboa. O nome vem da sua localização, já que se trata literalmente do fim de um passeio à beira rio, na margem sul do rio Tejo. Para lá chegares, tens de atravessar o rio no barco que parte do Cais do Sodré (do lado de Lisboa) para Cacilhas (do lado de Almada). É recomendável fazer uma reserva antecipada. Dessa forma, poderás desfrutar de uma vista sem interrupções para o rio. Se preferires jantar mais cedo, a melhor hora para fazeres a tua reserva é às 6 da tarde, para que possas apreciar a beleza do lusco-fusco. Ali, a comida baseia-se nos sabores portugueses caseiros. Por isso, as entradas a não perder são: bacalhau com grão e sardinhas em escabeche, acompanhadas de um pão alentejano muito rústico. Em relação ao prato principal, sugiro o arroz de tomate com carapaus fritos, para poderes provar um prato tradicional de um pescador local. Em alternativa, podes pedir o peixe do dia, que será grelhado para ti no momento.

Antes de visitar Lisboa

Monumento das Descobertas, Belém

A maior parte das pessoas não tem a noção de que Lisboa é uma das capitais mais autênticas da Europa. Os portugueses são um povo orgulhoso - adoram tudo sobre Portugal e os lisboetas adoram tudo sobre Lisboa.

 

Antes de visitares Lisboa, aconselho que leias algo sobre a época das Descobertas. Até acho que devia ser obrigatório fazer essa pergunta no aeroporto de Lisboa! Lisboa é muito mais do que uma bonita cidade à beira-rio. A sua história (e a de Portugal) está intimamente ligada com a época dos Descobrimentos e com a aproximação entre culturas diferentes. O que os portugueses fizeram na altura foi algo sem precedentes e os visitantes deveriam conhecer e entender melhor este feito espantoso antes de virem explorar a cidade.

De compras em Lisboa

Vintage ganha um novo significado: as lojas e boutiques de Lisboa são realmente antigas.

Em Lisboa, boutique e vintage são palavras que significam fazer compras em lojas, cujas portas estão abertas há mais de um século, muitas delas geridas pela mesma família que as fundou. Alguns exemplos são: a Sapataria do Carmo (sapatos à medida) , a Luvaria Ulisses (luvas à medida) e a Chapelaria Azevedo (chapéus à medida).

Lisboa à borla

A melhor coisa para fazer em Lisboa sem gastar dinheiro é sentares-te no Cais das Colunas (à beira-rio, na Praça do Comércio), desfrutar do sol e ver os barcos a atravessar o rio. Para mim, é fácil perceber porque é que Lisboa é considerada uma das melhores cidades europeias para visitar: podes ir directamente para uma praia, o marisco sabe a mar e o sol brilha durante 300 dias por ano. A cidade equilibra uma sensação de tranquilidade típica do sul da Europa com uma história e legado pesados, tendo ao mesmo tempo uma energia jovial, que parece emergir da luz, frequentemente descrita como o sonho de qualquer cineasta.

Lisboa à noite

Bairro Alto: onde Lisboa vai tomar um copo

A zona do Bairro Alto tem a melhor vida nocturna, porque as ruas neste bairro estão em constante ebulição desde o início da tarde até ao final da madrugada. Podes ir de bar em bar, desde bares pequenos até locais mais selectos, ou então simplesmente passear e observar as pessoas. Como a maior parte dos estabelecimentos são minúsculos, a vida nocturna concentra-se principalmente na rua.”

 

Voos para Lisboa 

 

-Fiona Hilliard